Marinho irá manter suspensa portaria que dificulta abertura do comércio nessas datas
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, decidiu prorrogar por mais 90 dias a portaria que mantém suspensa a regra que dificulta o trabalho aos feriados. O ministro pretende tratar o assunto por meio de um projeto de lei que pode abordar também a contribuição para os sindicatos, cuja obrigatoriedade foi extinta com a Reforma Trabalhista de 2017.
Marinho se reuniu com parlamentares das frentes do Comércio e do Empreendedorismo no Congresso, nesta terça-feira, para tratar do tema e aproveitou para pedir apoio para aprovar um projeto que traz de volta a contribuição sindical obrigatória para os trabalhadores.
Proposta da pasta, antecipada pelo GLOBO no ano passado, prevê que a taxa seria vinculada a acordos de reajuste salarial entre patrões e empregados, que tenham intermediação sindical.
O ministro chama esse pagamento de “contribuição negocial” e nega que seja a volta do imposto sindical obrigatório. Auxiliares do ministro dizem que a ideia é fazer um combinado: as centrais sindicais e a bancada trabalhista flexibilizam as exigências da portaria de trabalho aos feriados, e os parlamentares ligados aos empresários ajudam a estabelecer a contribuição sindical.
O deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que participou da reunião, confirmou que o ministro defendeu a contribuição sindical como uma forma de assegurar o direito dos trabalhadores. Segundo o parlamentar, Marinho prometeu apresentar em 15 dias o texto do projeto de lei que será enviado ao Congresso.
— Nós aceitamos abrir a discussão e concordamos que os sindicatos precisam de uma fonte de financiamento para se tornarem fortes. Isso é importante para garantir uma concorrência justa — disse o parlamentar.
Ele explicou que a contribuição seria cobrada só nos casos de realização de acordo, como uma contrapartida pelo serviço do sindicato. Ao ser indagado se medida seria aprovada pelo Congresso, respondeu:
— Há que esclarecer muitos pontos, senão o projeto não passa.
Também participaram da reunião o deputado Domingos Sávio (PL-MG) e Zé Neto (PT-BA). Domingos Sávio confirmou que Marinho falou no encontro sobre a sua pretensão de incluir no projeto que vai regulamentar o trabalho aos feriados a cobrança do imposto sindical:
— Ele falou na contribuição sindical. Mas, não houve compromisso da nossa parte com a aprovação do projeto — afirmou Sávio.
O deputado ressaltou, contudo, que não concorda que a contribuição seja cobrada de todos os trabalhadores. O parlamentar contou que a audiência ocorreu a pedido dos parlamentares. Segundo ele, os representantes das duas frentes pediram a suspensão da portaria que dificulta o trabalho, sob risco de colocar em votação o decreto legislativo que derruba o ato, na próxima semana.
— Não aceitamos que uma portaria proíba o funcionamento do comércio aos feriados. Ele não suspendeu, mas teve a grandeza de recuar e tratar o assunto em projeto de lei — afirmou.
Após o encontro, Marinho se limitou a falar sobre a portaria de trabalho aos feriados.
— Acabo de sair de uma reunião com as Frentes Parlamentares do Comércio e do Empreendedorismo e quero anunciar, que a portaria de funcionamento do comércio aos feriados, irei suspender por mais 90 dias para que as partes dialoguem e cheguem a uma conclusão que facilite para evitar qualquer em relação ao funcionamento do comércio em nosso país — disse o ministro em um vídeo gravado nas redes sociais.
O ministro afirmou que as partes, trabalhadores e empregadores, chegarão a um texto que contemplará o funcionamento do comércio, mas respeitando as negociações.
Entenda a portaria sobre feriados
Na véspera do feriado do dia da Proclamação da República, no ano passado, Marinho revogou uma portaria editada em novembro de 2021, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que facilitava o trabalho nos feriados.
A portaria revogou várias atividades do comércio em geral que tinham permissão para o trabalho aos feriados, como supermercados, farmácias, atacados, distribuidores de produtos alimentícios e feiras livres. Por essa portaria, seria necessário legislação prévia municipal ou acordo coletivo. Mas diante da repercussão negativa, Marinho decidiu dar mais tempo para se chegar a um acordo sobre uma lista de exceções
O ministro prometeu elaborar neste mês uma lista com exceções, mas não houve acordo com representantes dos supermercados, que insistem em abrir aos feriados.




